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sábado, 7 de novembro de 2009

Música nas escolas, uma disciplina para toda a vida

Por Gabriel Meikilo



Agora e lei, todas as escolas públicas brasileiras tem o prazo de três anos para adaptar em sua grade curricular a música como disciplina obrigatória, lei nº. 11.769, sancionada no dia 11 de agosto de 2008. O ensino da música em escolas, já foi utilizado por algum tempo, mas foi retirado na década de 1970. A presidente da câmara de educação básica do CNE (Conselho Nacional de Educação) deixa claro que a intenção não e formar músicos, mais desenvolver a criatividade e sensibilidade dos alunos, para que assim, alcancem um maior rendimento escolar.

São perceptíveis os benefícios gerados através da musica, e as diferentes maneiras em que ela é aplicada, citando alguns exemplos mais comuns temos projetos sociais, grupos criados para ensinar música a crianças de periferias, visando o afastamento das mesmas da criminalidade, e a musicoterapia, usada por médicos para tratamentos tanto de ordem física quanto de ordem emocional ou mental. A Universidade da Califórnia em Irvine descobriu que após seis meses tendo aulas de piano, crianças pré-escolares tiveram desempenho 34% melhor em testes de raciocínio tempero-espacial que aquelas que não tiveram nenhum treino. Na mesma universidade, estudaram o poder da música observando dois grupos de crianças em idade pré-escolar. Um grupo teve lições de piano e cantava diariamente no coro. Após oito meses, as crianças musicadas, de três anos de idade, eram “experts” no domínio de quebra-cabeças, atingindo desempenho 80% superior ao que seus colegas conseguiram em inteligência espacial.

Particularmente, falando como músico, penso que além de todos os benefícios que a música proporcionará aos alunos em desenvolvimentos escolares, acredito que dessa maneira, pode-se fazer com que a música chegue às pessoas de baixa renda além de melhores perspectivas de mercado de trabalho para o músico-educador.

“Só não entendo como uma disciplina tão importante como a música, apesar de todos os benefícios que trazem as crianças e o ser humano em geral, foi deixado de lado e assim permaneceu um bom tempo longe das escolas, o que tende só a cair o rendimento dos alunos, em minha opinião, música alegra a vida, e todos merecem usufruir dela”, disse Fernando Camargo, estudante de pedagogia, morador de Belo Horizonte/MG.

Como qualquer disciplina, e certo que nem todos terão interesse em relação a música, mais o que a difere das outras já existentes e o fato da capacidade de evoluir a criança não só musicalmente, mais em trabalhar o cérebro fazendo com que a mesma desenvolva uma melhor concentração e raciocínio, alem de alguns itens de extrema importância não só para o período escolar mais para toda a vida.

Alguns benefícios gerados pela musica como disciplina:

1- FORMAÇÃO PESSOAL

– Traz alegria à vida da criança
– Contribui para o desenvolvimento das coordenações sensório-motoras.
– Educa os sentimentos cívico-sociais, influindo na moldagem do caráter.
– Se corretamente integrada às outras disciplinas, a música desperta o desempenho do aluno que passa a ter uma média de aprendizado muito maior em todas elas.
– Disciplina emoções: timidez, medo, agressividade (musicoterapia).

2- FORMAÇÃO CULTURAL

– A música é cultura: Desconhecê-la, portanto, seria um prejuízo de grandes proporções a formação cultural da criança.
– Desperta o senso rítmico.
– Desenvolve a sensibilidade musical, baseada no ritmo, no som e na palavra.
– Faz apreciar as realizações do mundo artístico em rádio, TV ou Internet.
– Desperta a criatividade, tornando a criança capaz de elaborar suas próprias músicas.

3- FORMAÇÃO SOCIAL

– Estimula o perfeito convívio coletivo.
– Implanta o gosto pelo canto em coro, levando a criança a começar a compreender o que é trabalhar em equipe e a importância disso na sociedade.
– Mantém a confraternização entre escolares e a comunidade.
– Apresenta à criança, numa idade propícia, repertórios diferentes como música erudita, folclórica, popular, religiosa e etc.
– Desperta o nacionalismo e desenvolve a cultura nacional com aprendizados dos hinos pátrios.
– Faz com que a criança se envolva com os projetos, e esteja sempre ocupada “quase” o bastante para evitar problemas, melhorando inclusive no aspecto disciplinar.

“A gente sabe como é o ensino público no país, e em especial, depois da progressão continuada, acho que o que mais chama a atenção é o desânimo generalizado. Eu faço estágio numa escola estadual, e eu vejo o quanto professores e alunos não dialogam entre si, não dão espaço pra isso e o sofrimento se perpetua em um ciclo vicioso de agressão dos professores aos alunos e vice-versa, sem que nenhum dos lados perceba o que está acontecendo. A música poderia permitir isso, e é por isso que eu acho importante que se tenham aulas de música. Ela é outro tipo de linguagem, e deixa transparecer conteúdos que a linguagem falada somente não permite. Ela também dá vazão a agressividade, e faz parte da construção da identidade das pessoas. A vantagem de se ter música nas escolas é que, por exemplo, o ensino fundamental 2 [ciclo 2, quinta a oitava] é um dos mais largados no sistema educacional. Muito se faz da primeira a quarta e mais ainda do primeiro ao terceiro colegial, até por conta do vestibular, mas o ciclo 2 fica meio que no limbo, e ele coincide justo com a idade em que a identidade da galerinha está começando a se firmar”. Palavras de Bea Rodrigues, estudante de psicologia e integrante da banda Madeleine K de Sorocaba/SP.

Existem inúmeras pessoas em que o sonho maior e viver de musica, muitas delas possuem o dom da música, muitas possuem o dom mais não tem acesso por residir em periferias, mesmo assim ainda batalham por esse sonho, mesmo sendo tão distante. Se hoje entrasse em uma sala de aula, e me deparar com uma criança com sorriso no rosto e satisfação de estar presenciando o inicio de um sonho, por aquele momento toda essa luta para sancionar essa lei já valeria a pena.

Só resta aguardar ate que possamos ver a música em prática nas escolas, e por enquanto, parabenizar a todos que lutaram por esta causa.