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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Locus em BH

Por Gabriel Meikilo


Saímos de Montes Claros as 22:30, levando na bagagem de um Celta todas as malas, 4 guitarras, um baixo, toda a parafernália da bateria e um enorme nervosismo para chegar a BH. Enfrentamos chuvas fortíssimas, atrasamos e chegamos a capital por volta das 08:00.

Feito o pagamento no hotel, subimos, arrumamos nossas coisas e descansamos por apenas uma hora para levantar novamente, checar a afinação dos instrumentos, almoçar e ir para o Matriz para o primeiro dos dois shows da semana, que seria as 14:00.

Chegamos no Matriz, descarregamos as coisas e trocamos bastante idéia com o pessoal da banda Madrasta de Ribeirão das Neves, que abriria a noite. Prestigiamos o som dos caras, que tem umas pegadas muito bacanas de Pop Rock, com passagens melodiosas bem arranjadas. Enquanto isso as outras bandas iam chegando uma a uma. Seriamos a terceira banda, mas a Studio Zero não poderia chegar a tempo e acabamos sendo a segunda. Preparamos tudo e começamos a tocar, a cada música sentíamos a energia da galera aumentando e, consequentemente, a nossa energia ia aflorando, suprindo todo o cansaço dos vários quilômetros rodados. Batemos cabeça e saímos do palco sobre vários elogios tanto do público quanto das bandas, o que nos deixou orgulhosos de termos enfrentado tanta coisa para chegar ali. Acalmamos os ânimos, fizemos uma entrevista para o pessoal do Coletivo Semifusa, que foram muito legais conosco.

Voltamos para assistir aos shows daquela tarde. Pegamos o finalzinho da apresentação dos nossos colegas de hotel, o pessoal do Vitrine, de Brasília – DF, mas foi o suficiente para aprendermos bastante sobre vigor e energia encima do palco. Logo em seguida foi a hora do Bonança Trio, de Juiz de Fora, que, com um show de versatilidade e bom gosto, mostrou a galera como se mistura Samba, Bossa, Jazz e Rock com muita criatividade e maestria. Nessa hora, a nossa sensação já beirava o indescritível, tínhamos tido um grande aula sobre o que é, na pele, a música independente, sem rótulos, sem preocupações com vendagens, apenas com o intuito de mostrar seu trabalho e de ver o trabalho dos seus colegas de cena, e qual não foi a nossa surpresa ao ouvirmos o Sidan, um dos vocalistas da Madeleine K, de Sorocaba – SP, elogiar a Locus em pleno palco, desde já, muito obrigado aos caras (e a garota) por toda a atenção. Infelizmente, depois disso, por causa do horário, tiveram que ser canceladas as apresentações das bandas Studio Zero (BH) e Cidadão Comum (Ribeirão das Neves).

Saímos do Matriz, comemos, voltamos ao hotel e, literalmente, desmaiamos. No outro dia, acordamos e fomos fazer a nossa sessão turística, guiados por João Bernardo (ex-Vomer), por Belo Horizonte. Voltamos ao hotel, nos arrumamos, comemos e lá fomos nós novamente para o Matriz, desta vez às 21:00.

Aquela era, sem dúvida a noite mais esperada para a gente, pelo fato de tocarmos com duas bandas em especial, a Lavage, de Fortaleza – CE, que já era nosso contato pela internet e que tinha se apresentado com mais uma banda catrumana, a Soprones, em nada menos do que Salvador, no Palco do Rock, e a Sufoco, do Rio de Janeiro, por também ser um dos nossos contatos pela internet. Logo na chegada encontramos o pessoal da Lavage, caras muito legais, gente fina demais, trocamos muitas idéias com todos eles. Seríamos a segunda banda, mas por alguns motivos de bandas que tinha que tocar e já pegar a estrada ficamos encarregados de fechar a noite. Pois bem, a noite começa com o surpreendente show de Luis Curinga, banda anfitriã, que mostrou uma definição sonora memorável, melodia e peso da melhor qualidade, durante o show dos caras chegavam as bandas do Rio, Gametas e Sufoco, e pudemos fazer muita amizade com os caras, principalmente com a Maria Martins, vocalista do Sufoco, que se mostrou uma pessoa muito afinada com a cena independente. Acaba o show do Luis Curinga, para tristeza de todos. Mas vamos às próximas bandas. Entrou a Sufoco no palco, e começou uma energia intensa que, para a nossa surpresa, permaneceria durante todos os shows da noite, eles tocaram apenas três músicas, já que teriam que pegar o ônibus da 00:00, mas foram um contato fortíssimo para todos nós. Continuando as apresentações, sobem no palco os Gametas, dando uma mostra da irreverência do Glam Rock, com letras inusitadas e uma apresentação vigorosa. Aproximando a hora do nosso show, só haveria mais uma banda a se apresentar, a Lavage. Que banda, que show! Uma verdadeira aula de Punk Rock, vigor, uma puta energia (com o perdão da palavra) e muito feeling, percebemos neles o que era necessário para se subir num palco como o do Palco do Rock, coisa que, graças a Deus, nós, montesclarenses, podemos ver também na Soprones, mas é fato que bandas como essas são raras no Brasil. As surpresas não terminaram por aí, a interação Locus-Lavage foi tanta que até uma música nos foi oferecida, Politicamente Ereto, simplesmente do caralho.

Era, então, a nossa vez. Subimos ao palco mais descançados, mais familiarizados ao Matriz, prontos para fazer um show melhor que o de sábado. Tanto que tínhamos mudado o setlist só para aplicar muito mais energia na galera. E já na primeira música, em meio a quem agitava, estavam Brunno, Taumaturgo, Everardo, Rogério e Rafael, os caras do Lavage que tinham acabado de tocar. Não deu outra, retribuímos a gentileza e oferecemos uma música para eles, e a energia fluiu, com direito a piadas do tipo: “Vamos fazer agora um cover da Lavage” e “Nessa música a gente não precisa de vocalista”, mas o fato de dizermos que teve energia no show não dá idéia ao leitor de que aquela energia era a maior que já sentimos num show da Locus, muito suor, peso, gritos, muito bom! Fizemos o melhor show das nossas vidas, e isso é consenso. Saímos com o sentimento de missão cumprida, agradecemos, mais do que merecido, a Malu Aires e ao Marco Aurélio, e que venham mais shows como esse.

Depois desse episódio que ficou na história da Locus, só nos restava olhar com carinho para BH e voltar para a casa, ansiosos por fazer isso em Montes Claros, e trabalhar para que encontremos todas essas oito bandas na estrada novamente.

Saiba mais http://bandalocus.blogspot.com