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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Grito Rock 2010 Montes Claros

Vitor Stálin
Fotos: Laisa Bastos / Gabriel Meikilo / Jefs Bittencourt


Primeiro Dia - O Grito Rock 2010 foi, em Montes Claros, para o público, garantia de bons shows, para as bandas, convicção de energia e, para nós do Retomada, certeza de muito suor e correria.

No final das contas o saldo foi muito positivo, e é por isso que começamos aqui, uma espécie de “relatório informal” sobre cada dia (ou noite) de um Grito Rock de energia, bom som, trabalho, articulações e muitos amigos na bagagem.

A correria começou já de manhã, limpar o lugar, esperar a energia, a água, o som, o palco. Como de costume, tudo que é bom dá algum problema, mas, no final, tudo se resolve. Dito e feito, demora na energia, demora na água e, trinta minutos antes de começar, conseguimos finalizar. Hora de começar a festa.

A primeira banda da noite foi a Johnny Rocky, montesclarense, que se mostrou um quinteto muito bem arranjado. O show foi excepcional e, como já vinha constatando, a banda evolui muito a cada apresentação. Foi muito legal ver o público cantando com o pessoal, ver a energia de Paulinho na bateria, mesmo com problemas na garganta (para se ter idéia, após o show ele teve que ir embora porque a dor já era muita), mas o que chamou mais atenção foi o entrosamento dos cinco, soando como um, o que uma banda realmente deve ser.

Depois sobe ao palco mais uma montesclarense, o power trio de hardcore, AT4. Outro show impressionante. O que mais define a banda no momento é energia. Uma agressividade e peso difíceis de ver com tanta qualidade, e, mais uma vez, o público cantou junto com Vitão, mostrando que conhecia muito bem as canções de protesto da galera.

Hora das bandas de fora, a primeira delas foi de Uberlândia, Umnavio. E o público ouviu um som de uma qualidade fora do normal, a melodia exalava de cada palhetada, de cada canto ou grito do pessoal. Dificilmente se vê uma banda que envolve tanto o público num primeiro show na cidade, apesar de isso não ter sido só com a Umnavio, já que Montes Claros se mostrou muito aberta e receptiva aos músicos visitantes. Depois, conversando com os caras, fico sabendo que aquele foi o segundo show da carreira da banda, fiquei pasmo. Pensei comigo: “é impossível fazer um show tão bom tendo tocado só uma vez”. Leda ilusão, aquela apresentação mudou minha concepção de banda iniciante.

Sobe no palco a Veniversum, pela segunda vez em Montes Claros e, portanto, já nossa conhecida. Mas espera aí, aquela era outra banda. Muito, e quando digo muito é muito mesmo, melhor do que na primeira vez. A evolução era notável, a energia que vimos na primeira vez foi potencializada ao quadrado, a presença de palco que já era excelente se tornou algo muito mais palpável, seja nas falas, na voz, no que o quarteto se jogava no palco. A única parte ruim do show foi quando a banda se despediu sobre os aplausos de quem assistia.

A última banda da noite era de Salvador, Você me Excita. E que presença, quanta irreverência, que som. A banda literalmente excitou Montes Claros em todos os sentidos com o seu “rock de boate”. A personalidade dos baianos era forte em todas as músicas, em todos os comentários, em todas as performances, fazendo Montes Claros pular, agitar e dançar.

Segundo Dia - O segundo dia do Grito começa com uma má notícia, a banda Radiotape, de Belo Horizonte, não poderia vir, uma vez que o carro deles tinha dado problema ainda em BH. Mas as más notícias param por aí.

O público comparece em maior quantidade no sábado, com mais animação e já com uma maior idéia do que esperar daquela noite. O que eles não podiam adivinhar, e nem nós, era que o sábado superaria todas as expectativas.

As apresentações começam com uma banda daqui, a Sofia. Show com a qualidade que já conhecemos, a técnica de cada integrante melhora a cada vez que o quarteto sobe no palco. Os comentários eram inevitáveis, era uma Sofia melhor do que no último show, assim como tem sido sempre.

Logo após sobe outra conhecida de Montes Claros, a Gr!tare. Showzasso, como já era de se esperar. A voz grave de Fonseolli não era a única a soar naquele momento, um coro de vozes ecoava a cada música que o público conhecia, os gritos reverberavam como, se por um momento, a banda e o público fossem um só.

Hora das bandas de fora. A primeira delas foi a baiana de Vitória da Conquista, Ladrões de Vinil. Ainda bem que quando a gente acha que já viu de tudo aparecem caras como esses para nos ensinar sobre muito de um show. Presença de palco, energia e boa música todas as bandas tiveram, mas o carisma é o ponto principal desse trio. Letras descontraídas, uma apresentação carismática e, de certa forma, performática com direito ao figurino de presidiário, a uma música para explicar o roubo dos vinis. Mas o ápice da apresentação foi quando os três tocaram bateria ao mesmo tempo, mostrando que, além de ritmo, a banda tem uma criatividade incomparável. O sucesso deles foi tanto que até depois do show e mesmo da festa, o público ainda estava trocando idéia com os caras.

Por último, sobe no palco a Lupe de Lupe, de Belo Horizonte. Presença do início ao fim, os caras se mataram lá em cima e o público se matou lá embaixo. O que mais chama atenção na banda é a melodia, simples em algumas horas e bem complexas em outras, com dissonâncias daquelas de fazer a galera pirar e “bater cabeça” junto com a banda. O pessoal ficou bem satisfeito de ter saído da capital para tocar aqui, e podem ter certeza de que Montes Claros também ficou muito satisfeita com a Lupe de Lupe.

Terceiro Dia - Último dia do Grito. Correria para finalizar tudo da melhor forma possível. Ficamos sabendo que a banda Os Patto, não viria, em seu lugar vem a D.C.V. de Uberaba.

A noite começa com a Umeazero, de Montes Claros. Apresentação que também já estamos familiarizados, os caras mandam muito bem e o público já sabia o que esperar. Energia, protesto e um sonzasso ao pé do ouvido. A Umeazero cumpre, como sempre cumpriu, muito bem o seu papel de mostrar a diversidade sonora e cultural da nossa cidade.

Hora da Uberabense, D.C.V. Show de muita criatividade, energia e interação. As bases simples da banda dão margem a uma avalanche sonora, que mostra a Montes Claros o porquê de o quarteto ter saído de Uberaba para mostrar o seu trabalho no Norte de Minas. Infelizmente não pudemos conversar muito com a galera já que, como vida de músico independente não é das mais fáceis, eles tinha que trabalhar no outro dia de manhã.

Hora dos Pernambucanos Johnny Hooker e Cadeias Rock City, de Jaboatão. Como o nome já diz, show é show, o que o Candeias fez naquele palco era muito, mas muito mais. Na hora que a galera de Montes Claros viu um sujeito de bota, calça vermelha de veludo, espartilho, jaqueta de couro, maquiagem e afins, um estranhamento era inevitável. O bacana era ver que esse estranhamento aos poucos, e não tão pouco assim, foi virando admiração e que esse mesmo pessoal em poucos minutos estavam preocupados simplesmente em curtir, isso porque o som deles é, no mínimo, contagiante. Isso sem falar na presença, que detonava em todos os sentidos, cada integrante com uma diferente, todas matadoras. Qualidade indiscutível que Montes Claros teve o imenso prazer de receber.

A última banda da noite e, consequentemente, da edição 2010 do Grito em Moc era a Soprones. Confesso que esperava menos da Soprones, não por duvidar da capacidade dos caras, sei, como todos sabem, que trata-se de uma excelente banda em todos os sentidos, tanto que está conquistando espaço por vários lugares do país, mas também sei da dificuldade de uma mudança de formação, o quanto é difícil adequar um novo membro no espírito de uma banda. Era a primeira apresentação dos caras com Rafael Dinez (ex-Ruído Jack) em Montes Claros e, com todo o respeito, foi um dos melhores shows da Soprones que já vi. A agressividade exalava de cada detalhe da apresentação, da presença notável de todos os integrantes e o quem assistia retribuía com gritos, headbangs e rodinha. Rafael imprimiu ainda mais peso no som da banda, deixando o som da banda, antes muito bom, excelente. A Soprones está de parabéns e fecha com chave de ouro o Grito Rock 2010 Montes Claros.

Findado o grito, é hora de arrumar tudo e esperar ansiosamente pela edição 2011 do maior festival integrado da América Latina.

Para conferir mais fotos clique aqui: Parte 01 e Parte 02