No sábado, dia 17/10, o Cinema Comentado Cineclube oferece uma visão bem especial da infância com a exibição de LÉOLO (1992), uma obra-prima poética e um dos filmes mais emblemáticos da década de 1990. Sozinho no meio da noite, o menino Léolo abre seu baú de recordações. E com uma candura despreocupada, escreve suas observações sobre as formas do mundo num caderno. Suas memórias falam de pensões e quintais esquálidos na parte leste de Montreal; de roupas em varais, esvoaçando levemente na fumaça da fábrica próxima; e de uma família assolada pela loucura.
Um pai obcecado com a saúde dos intestinos da família; um irmão cujos exercícios de musculação mal conseguem esconder seu medo das pessoas; duas irmãs que passam cada vez mais tempo em uma enfermaria psiquiátrica; e um avô – o responsável pelo fracasso genético da família. Cada vez mais afundado nessa insanidade, Léolo consegue viver uma vida dentro de si mesmo.
Indicado para a Palma de Ouro, em Cannes, LÉOLO é considerado o grande representante do cinema canadense do final do século XX – ao lado dos premiados trabalhos de Denys Arcand: “O Declínio do Império Americano” e “As Invasões Bárbaras”. O diretor Jean-Claude Lauzon (morto precocemente num acidente de avião, em 1997) criou uma obra permeada de lirismo, nostalgia e humor negro. Na bela trilha sonora, destaque especial para a emblemática melodia, de Tom Waits, “Cold, Cold Ground”.
O filme demonstra características bem específicas e cinematográficas: uma fotografia estupenda e uma narrativa que compõe o retrato de infância baseado em cheiros, timbres, gostos e sensações. Dividido entre a paixão platônica por uma vizinha e a descoberta do próprio corpo, LÉOLO encontra nos sonhos e na imaginação uma fuga da realidade. Como ele próprio diz: “Porque eu sonho, eu não sou”. Assim, o garoto abre mão de sua liberdade física e começa a criar para si um mundo interior, que está muito próximo da mensagem final do seu livro de cabeceira: “A vida não se passa na terra, mas na minha cabeça”.Classificação etária: 16 anos.
O Cinema Comentado Cineclube acontece todo sábado, a partir das 19h, na sala 44 do Sesc – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.
Já no domingo, 18/10, o CineSesc apresenta O AVIÃO (2005), dirigido por Cédric Khan. Na noite de natal, quando todos abrem seus presentes com muita alegria e felicidade no coração, Charly, um menino de oito anos de idade, fica muito desapontado ao abrir seu presente e encontrar um aeromodelo – sendo que uma bicicleta havia sido prometida pelo pai. Patrick, o pai, morre pouco depois sem ter tempo suficiente de explicar o porquê de sua compra. Mas o inesperado acontece quando Charlie percebe que o avião ganha vida! Ele e o aeromodelo se tornam grandes amigos na busca incansável de seu pai para agradecer o maravilhoso presente. Um conto mágico cheio de aventuras e descobertas.
Cineasta conhecido por evitar rótulos e tentar criar um equilíbrio na gestão dramática sem se afastar do grande público, Cédric Kahn é sucinto ao explicar porque trabalha com o cinema: “Faço filmes para saber por que razão os faço”, afirma. A diversidade marca suas produções como “Sinais Vermelhos” (trama “hitchcokiana”, que narra, em tempo real, o encontro de um casal com um criminoso foragido) e “O Tédio” – drama baseado no livro de Alberto Moravia, que conta a obsessão sexual de um professor de filosofia pela amante mais jovem e inculta.
Khan se define como um “realizador de contrastes”, que evita as idéias pré-concebidas na construção de seus filmes. São “experiências fílmicas” que, de certa forma, explicam o conto infantil e espiritual elaborado em O AVIÃO – uma história que envolve o espectador com a sensibilidade e magia dos acontecimentos.
O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 18h. O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.